
História
da Ordem dos Farmacêuticos
1835-1929
Criação da Sociedade Farmacêutica de Lisboa
A Sociedade Farmacêutica de Lisboa foi oficialmente fundada a 24 de julho de 1835 na Botica do Hospital Nacional e Real de S. José em Lisboa, cidade na qual manteve a sua sede. Foi a primeira estrutura associativa de Farmacêuticos criada em Portugal que abriu portas à construção do Associativismo do setor Farmacêutico como hoje o conhecemos. Era uma associação de caráter científico, e surge por imposição de farmacêuticos contra as ideias do físico-mor que, à altura, era nomeado pelo rei e detinha poder nas questões de acesso à profissão, de inspeção às farmácias e na definição dos preços dos medicamentos. [1]
Esta Sociedade tinha variadas responsabilidades no campo científico e laboratorial, desenvolveu estudos em variadas áreas, participou ativamente na política profissional, influenciou a legislação do âmbito farmacêutico e contribuiu para a evolução do ensino farmacêutico. Os primeiros dirigentes da referida Sociedade foram José Vicente Leitão, José Dionísio Correia e António de Carvalho. Esta estrutura tinha a seu cargo a publicação do Jornal da Sociedade Farmacêutica de Lisboa.[1]
A Sociedade Farmacêutica de Lisboa teve 36 sócios fundadores, mas a sua dimensão foi crescendo rapidamente devido à importância que os Farmacêuticos atribuíram a esta organização. Por esta razão, em 1837 altera o seu nome para Sociedade Farmacêutica Lusitana, sendo que o nome da sua publicação periódica é, igualmente, alterado.[1]
Criação da Sociedade Farmacêutica Lusitana
A Sociedade Farmacêutica Lusitana desempenhou um papel notável quer na área científica quer na área da saúde pública, contribuindo muito para o prestígio da classe farmacêutica e da Sociedade. Os jornais da época referem-se à sua ação na análise da água dos chafarizes de Lisboa e do Aqueduto das Águas Livres, assim como de termas diversas e nascentes variadas existentes por todo o país. A análise de plantas (destaque para a utilização da urze das Berlengas em tinturaria), de cafés e cacau oriundos de S. Tomé, bem como a plantação de árvores na cidade de Lisboa e a elaboração de regras para a remoção de lixos foram temas que mereceram a atenção da Sociedade Farmacêutica Lusitana. Fruto da sua ação, as indústrias poluentes foram apenas autorizadas desde que localizadas nos pontos altos da cidade e foram nomeados peritos em Tribunal em caso de envenenamento. A ação deste órgão associativo conduziu à proibição da utilização de tachos de cobre na preparação de alimentos, de corantes químicos nos bolos e aparas de chumbo na lavagem de garrafas. É também conseguida a proibição do fabrico de remédios secretos, prática vulgar na época.[1]
A Sociedade Farmacêutica Lusitana teve várias sedes, Inicialmente na botica do Hospital de São João, seguido do Convento das Carmelitas Descalças, Convento de São João de Nepomuceno recolhimento da Mouraria e, mais tarde, instalou-se na Rua da Princesa nº4 (hoje, rua dos Fanqueiros). A frequente mudança de instalações fez nascer o desejo de uma sede própria, que viria a ser construída e inaugurada em 1901, após intensas discussões da classe sobre a localização desta. Reconhecendo o prestígio da classe farmacêutica e da Sociedade Farmacêutica Lusitana, a Câmara Municipal de Lisboa deliberou alterar o nome da rua da Sede para ”Rua da Sociedade Farmacêutica”, designação que se mantém mais de cem anos depois.[1]
Quanto ao Ensino, tenta-se a sua reforma com uma petição à Rainha. São criadas as Escolas de Farmácia de Lisboa, Porto e Coimbra anexas às Escolas Médico-Cirúrgicas locais. (Saiba mais na Secção “O Ensino Farmacêutico”).[1]
Com a fundação iniciada, inicia-se a publicação do Jornal da Sociedade Farmacêutica Lusitana com o objetivo de criar um repositório de todos os acontecimentos importantes, onde é possível encontrar os relatórios das reuniões da sociedade. Este jornal vai ser publicado até 1933 sendo substituído pela Revista Portuguesa de Farmácia que anos mais tarde deixa de ser publicada.[1]

O Montepio da Sociedade Farmacêutica Lusitana foi criado em 1838.
Tinha como missão apoiar as viúvas ou filhos órfãos de Farmacêuticos. Os Farmacêuticos que pretendiam, contribuíam monetariamente para esta estrutura e poderiam usufruir de benefícios caso não tivessem a possibilidade de garantir a subsistência da família. Também as viúvas que não tinham possibilidades monetárias e os filhos menores que perderam o pai e a mãe eram apoiados por esta estrutura. [1]
Estruturas dedicadas à representação dos Farmacêuticos
Para além da Sociedade Farmacêutica Lusitana, existiam outras estruturas dedicadas à representação dos Farmacêuticos.


Classe Farmacêutica
Surgiu em 1885, fruto da iniciativa de um conjunto de farmacêuticos de Braga que procurava formalizar em escritura um regime de preços de especialidades farmacêuticos, de modo a evitar discrepâncias entre preços praticados a nível nacional.
O seu Presidente foi o Farmacêutico António Domingues Alvim que, mais tarde, assumiu a presidência da União de Farmacêuticos de Braga.[1]


Classe Farmacêutica
Surgiu em 1885, fruto da iniciativa de um conjunto de farmacêuticos de Braga que procurava formalizar em escritura um regime de preços de especialidades farmacêuticos, de modo a evitar discrepâncias entre preços praticados a nível nacional.
O seu Presidente foi o Farmacêutico António Domingues Alvim que, mais tarde, assumiu a presidência da União de Farmacêuticos de Braga.
União de Farmacêuticos de Braga
Foi criada em 1899 e contava com 120 sócios no ano de 1927. Tinha como objetivo garantir o cumprimento dos direitos e prerrogativas da classe farmacêutica, defender os sócios, proceder contra indivíduos que exercessem a profissão farmacêutica sem estarem habilitados e resolviam questões profissionais levantadas pelos seus sócios. No fundo, garantiam a representação e defesa dos farmacêuticos da zona de Braga.[1]
Classe Farmacêutica
Surgiu em 1885, fruto da iniciativa de um conjunto de farmacêuticos de Braga que procurava formalizar em escritura um regime de preços de especialidades farmacêuticos, de modo a evitar discrepâncias entre preços praticados a nível nacional.
O seu Presidente foi o Farmacêutico António Domingues Alvim que, mais tarde, assumiu a presidência da União de Farmacêuticos de Braga.


Associação de Farmacêuticos Portugueses
Foi constituída em Lisboa, em 1900. Foi responsável por discutir projetos relativos ao exercício farmacêutico e ao ensino da Farmácia em Portugal.[1]


Associação dos Farmacêuticos do Centro de Portugal
Foi constituída em 1924, em Coimbra. Procurava enaltecer a profissão farmacêutica e fomentar o progresso científico, económico e social da classe. [1]
1929-1972
Criação do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos
Em 1929 o Estado Novo Corporativo exige às Sociedades Científicas e às Associações Profissionais a sua transformação em Sindicatos sob pena de serem extintas caso não o aceitem. Os farmacêuticos reagem negativamente a esta imposição e exigem a sua transformação em Ordem à semelhança dos advogados e dos médicos, no entanto tal pretensão não é aceite pelo Estado e a Sociedade é encerrada, voltando posteriormente à atividade já como Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF). [1]
O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos surgiu a 27 de março de 1935, da unificação de todas as associações farmacêuticas referidas anteriormente por imposição do Estado Novo. O Sindicato tinha como objetivo o ‘‘estudo e a defesa, nos seus aspetos moral, científico, económico e social, dos interesses profissionais dos diplomados em Farmácia’’.[1]
O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, cuja primeira direção herda a motivação da antiga Sociedade Farmacêutica Lusitana, teve um papel fundamental na publicação das leis relativas à propriedade da Farmácia na época e ao exercício farmacêutico, tendo promovido a construção daquele que pode ser considerado um verdadeiro código deontológico da profissão farmacêutica.[1]

Mantêm-se os esforços dos farmacêuticos para a criação de uma Ordem. No entanto, em 1966 graças a influências políticas é publicado o Decreto-Lei N.º 46997 de 7 de maio que contém matéria legislativa com caracter de Ordem. O referido Decreto, obrigava a inscrição no SNF para exercício da profissão, emissão da carteira profissional e a criação dos títulos de especialista em Análises Clínicas e em Indústria Farmacêutica.
Esta estrutura realizou o 1º Congresso Luso-espanhol em 1950 e as Jornadas científicas anuais (em lisboa, porto e Coimbra alternadamente). [1]
A 20 de janeiro de 1937, tomou posse a primeira Direção do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, presidida pelo Farmacêutico Emílio Fragoso.[1]
Em 1970 decorreram alterações políticas resultantes da morte de Salazar e a nomeação de Marcelo Caetano para Presidente do Conselho. Passado 2 anos é publicado o Decreto-Lei Nº334/72 que extingue o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos e cria a Ordem dos Farmacêuticos.[2]

1972-Atualmente
Após a criação da Ordem dos Farmacêuticos pelo Decreto-Lei Nº334/72, há a criação de uma comissão administrativa que promove eleições. Em dezembro de 1973, Francisco Carvalho Guerra toma posse enquanto primeiro Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos.[2]
Com a Revolução de Abril de 1974, em maio do mesmo ano, o Bastonário e todos os corpos eleitos são obrigados a demitir-se. Devido a isto, a Ordem passa a ser gerida por várias Comissões Administrativas até ao ano de 1979.
Após a estabilização política no país, é eleita uma nova Comissão Administrativa que tem como principal objetivo encarrilhar a Ordem dos Farmacêuticos. [2]
A 21 de Março de 1980, o novo Bastonário Alberto Ralha e a nova Direção tomam posse enquanto Corpos Gerentes da Ordem dos Farmacêuticos. Uma das primeiras batalhas da equipa eleita foi a assinatura da Convenção com a Comissão Instaladora dos Serviços Médico Sociais que estabelecia como necessário o título de especialista em Análises Clínicas para o Diretor Técnico do Laboratório de Análises Clínicos que quisesse trabalhar com os Serviços Médico-Sociais.[2]
Em 1983, Alberto Ralha é nomeado para Secretario de Estado da Educação, e Alfredo Albuquerque é nomeado enquanto Bastonário Interino que, posteriormente foi eleito como Bastonário. O Farmacêutico Alfredo Albuquerque teve a seu cargo a atribuição e nomeação de júris para os processos de atribuição de título de especialista em Análises Clínicas que surgiram face ao anteriormente descrito. [2]
É nesta altura que nasce o Centro de Informação do Medicamento (CIM). Foram comemorados os 150 anos da Sociedade Farmacêutica Lusitana e criado o Dia do Farmacêutico que celebrou a sua primeira edição. Foi estabelecida a Medalha de Honra e os Prémios da Sociedade Farmacêutica Lusitana, bem como foi formalizada uma parceria com a Associação Nacional das Farmácias (ANF) e com as Faculdades de Farmácia. Ainda no mandato do Bastonário Alfredo Albuquerque, são criados os Colégios de Especialidade de Análises Clínicas e de Indústria Farmacêutica e é nomeada uma comissão administrativa que tem a cargo a realização das primeiras eleições destes colégios. É ainda durante este mandato que se publica o primeiro código deontológico da Ordem dos Farmacêuticos e se nomeia uma comissão que propõe a revisão dos Estatutos da Ordem dos Farmacêuticos. Foram restabelecidas as relações com a Federação Internacional Farmacêutica e a OF foi integrada enquanto Membro Observador no Grupo Farmacêutico da Comunidade Económica Europeia. Foram iniciadas as negociações para compra da casa que é hoje a Secção Regional do Norte da OF. Foi no final do mandato deste Bastonário e da respetiva equipa, que se iniciou a discussão sobre os medicamentos genéricos, sendo que a Ordem emitiu inúmeros pareceres sobre as legislações enquadradoras deste projeto. [2]
Em 1989, são disputadas as eleições para Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Ernesto Enes e Carlos Silveira disputam a corrida para uma posição que ia requerer um esforço enorme para catapultar a Ordem dos Farmacêuticos para o exterior. A disputa pela posição mostrou a vontade de participação dos Farmacêuticos num período que os chamou a intervir na vida da sua Ordem, sendo que houve uma enorme participação eleitoral e no debate entre os dois candidatos. [2]
O momento eleitoral deu a vitória ao farmacêutico Carlos Silveira, mandato que se caracterizou pelo crescimento externo da OF, cuja organização interna estava já bastante bem definida. Foram realizadas várias audiências com ministros, secretários de estado e grupos parlamentares com o intuito de concretizar os desígnios da Ordem. Acompanhando o desenvolvimento das tecnologias, é criado o Centro de Informática da Ordem dos Farmacêuticos, com o objetivo de conectar a Direção Nacional com as Secções Regionais e criar uma base de dados dos seus membros. Aproveita-se também a oportunidade para informatizar os serviços da OF. Neste mandato, é lançada a Revista da Ordem dos Farmacêuticos com o objetivo de informar os associados e aproximar os mesmos da sua Ordem. [2]
Em 1992, por iniciativa da Secção Regional de Lisboa, é realizada a semana complementar dos estágios com o fim de colocar os alunos finalistas da licenciatura em Ciências Farmacêuticas em contacto com o mercado de trabalho. É neste mandato que são implementadas as visitas éticas, que consistem na visita de uma comissão constituída por elementos da Secção Regional de Lisboa e de elementos do Conselho Jurisdicional Regional, às Farmácias dos distritos da sua área de jurisdição.
Foi ainda realizado o 3º congresso de Ciências Farmacêuticas e o 1º Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Oficial Portuguesa em Lisboa - evento que esteve na origem da hoje conhecida Associação de Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa. Foi realizado o 2º Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa e o 54º Congresso da FIP. É publicada a 2ª versão do código deontológico em 1990. Foi constituída a Comissão Inter-Ordens, com a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Médicos Veterinários, que resultou numa melhoria das relações institucionais e conduziu à publicação do Decreto-Lei nº 44/93 de 17 de dezembro, no qual a OM reconhece o termo de ‘’Análises Clínicas’’ para as funções desempenhadas por Farmacêuticos. No final do 2º mandato de Carlos Silveira, foi apresentado à Tutela a proposta de Estatuto aprovado pela Assembleia Geral que, após propostas do Ministério da Saúde, foi levado a discussão novamente à Assembleia Geral e foi rejeitado após uma discussão tumultuosa. [2]
Num novo período de eleições, particularmente participado, a liderança da Ordem é disputada por João Silveira e Clara Carneiro. Em julho de 1995 é eleito um novo bastonário, João Silveira, o primeiro farmacêutico comunitário a exercer este cargo, que conduz os destinos da Ordem até 2001. Como resultado da adesão à União Europeia, este mandato foi marcado por uma política de relações a nível político e com a consolidação da política do Bastonário anterior. Enquanto marco deste mandato, surge a publicação do Estatuto aprovado em Assembleia Geral em 28 de março de 1998, tendo sido aprovado pelo Conselho de Ministros a 13 de setembro de 2001, e sendo publicado em Diário de República a 10 de novembro - já no mandato do Bastonário José Aranda da Silva. Na redação deste decreto, são incluídos a definição de ato Farmacêutico e a necessidade de revalidação obrigatória da Carteira Profissional. Estabelece ainda a frequência de provas para a inscrição da Ordem e inclui ainda um capítulo de matéria deontológica. Durante o ano de 1997 comemoram-se os 25 anos da constituição formal da Ordem dos Farmacêuticos, cuja principal expressão aconteceu numa sessão solene no Palácio da Bolsa no Porto. O mandato do Farmacêutico João Silveira foi marcado por uma maior aproximação da OF aos seus membros e ao poder local. Neste mandato, e por intermédio da criação do Conselho para a Cooperação Internacional é de destacar a cooperação com os Países de Língua Oficial Portuguesa, especialmente na criação da licenciatura em Farmácia com a participação das Faculdades de Farmácia Portuguesas e a realização de estágios em Portugal pelos farmacêuticos angolanos, o que veio resolver o problema da escassez de farmacêuticos em território angolano. [2]
Em 2001, José Aranda da Silva é eleito Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Foi aprovado o novo estatuto da Ordem dos Farmacêuticos e houve um empenho imenso da Direção eleita em aprovar todos os regulamentos necessários, em especial, relativamente à implementação de um Sistema de Desenvolvimento Profissional Contínuo de caráter obrigatório, pioneiro a nível nacional e internacional, que originou debates por todo o país relativamente às regras a aplicar neste sistema. Em agosto de 2005, apesar dos sucessivos alertas da parte da Ordem ao Governo, é publicada uma legislação que autoriza a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias, equiparando o Farmacêutico ao Técnico de Farmácia na responsabilidade técnica dos estabelecimentos autorizados a comercializar os medicamentos. É ainda revogada a lei nº2125 que estabelecia a exclusividade da propriedade da farmácia ao Farmacêutico, conduzindo assim à liberalização da propriedade destes estabelecimentos. Foi ainda revogado o decreto-lei nº48 547 que estabelecia o exercício da atividade farmacêutica. A Direção eleita à altura é ainda confrontada com a legislação que permite a abertura de farmácias de venda publica nos hospitais públicos. [2]
Em 2007, a Farmacêutica Irene Silveira é eleita Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo. No mandato da Bastonária Irene Silveira houve dificuldades assumidas, inclusive com as Secções Regionais pela disparidade de ideias que existiam no momento das candidaturas. A equipa da Farmacêutica Irene Silveira tinha como objetivo alterar algumas das decisões relativamente à obrigatoriedade do sistema de desenvolvimento profissional contínuo como condição da revalidação da carteira profissional. Adicionalmente, a OF interveio relativamente ao enquadramento dos medicamentos veterinários ao qual se mostrou bastante crítica nesse aspeto. Foi ainda constituída uma Comissão para o Espólio Histórico e assinado o primeiro protocolo destinado a regular os termos de colaboração no processo de intervenção farmacêutica junto da população diabética.[2][3]
Em Novembro de 2008 foram iniciados processos de venda do edifício anteriormente para albergar a nova sede da Ordem dos Farmacêuticos (OF), na zona da Expo, em Lisboa tendo-se rubricado o contrato de compra e venda para a aquisição de uma vivenda na Avenida Gago Coutinho nº164. [3]
Pelas dificuldades de saúde sofridas pela Bastonária Irene Silveira, Elisabete Faria (Vice-Presidente) assumiu a liderança dos destinos da OF. Após intensas discussões entre a classe, todos os órgãos sociais da OF foram destituidos.[2][3]
Em 2009, decorreu um período eleitoral que, até à data, registou uma das mais altas taxas de participação. As eleições foram disputadas entre duas equipas, sendo que o Farmacêutico Carlos Maurício Barbosa foi eleito como bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. Foi numa conjuntura de profunda crise económica e financeira que apenas seria ultrapassada com ajuda internacional do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia que Carlos Maurício Barbosa exerce o seu mandato.
Neste novo ciclo iniciado na Ordem dos Farmacêuticos, o Bastonário prometia reabilitar a Ordem e prestigiar a classe farmacêutica no seio do setor da saúde. Uma das lutas assumidas desde logo foi o fim da instalação de farmácias nos hospitais do SNS e a liberalização da propriedade da farmácia. Foi ainda durante este mandato que foi revisto e aprofundado o sistema de qualificação permanente dos farmacêuticos e foi iniciada a discussão sobre as Competências Farmacêuticas. Perpetuaram-se as relações com o poder político tendo sido amplamente discutidas a carreira farmacêutica no serviço nacional de saúde e a prescrição de medicamentos pela designação comum internacional (DCI). Ao mesmo tempo, a OF promoveu a Reconciliação Terapêutica dos pacientes com alta hospitalar de modo a evitar erros na toma de medicamentos e a contribuir para a adesão à terapêutica. Foram ainda apresentadas publicamente as Normas de Orientação Terapêutica, enquanto contributo em direção a uma qualidade superior na prescrição, dispensa e utilização de medicamentos em ambulatório. Foi realizado o 1º simpósio Luso-Brasileiro, que proporcionou a reflexão sobre o setor farmacêutico nas suas mais variadas áreas e permitiu a partilha de práticas entre colegas portugueses e brasileiros, tendo em vista a qualidade da intervenção farmacêutica em ambos os países. Foi realizado o primeiro protocolo com a Associação Portuguesa de Farmacêuticos de Moçambique que foi, sem dúvida, o pontapé de saída para uma maior colaboração entre os países de língua oficial portuguesa. A 14 de Dezembro de 2012, Carlos Maurício Barbosa foi reeleito Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos. No seu segundo mandato, a sustentabilidade das farmácias comunitárias foi uma das maiores preocupações da equipa. Foi aprovada a primeira lista de medicamentos não sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia e foram estabelecidos os requisitos mínimos para o reconhecimento da formação de farmacêuticos para administração de vacinas e medicamentos injetáveis em farmácia comunitária, surgindo a administração de vacinas e injetáveis como primeira competência dos Farmacêuticos. Em conjunto com a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF) e com a Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF) foi criado o Observatório da Empregabilidade do Setor Farmacêutico e, a solo a Ordem dos Farmacêuticos criou a Bolsa de Oportunidades. No final do mandato, foi ainda aprovado uma nova versão do estatuto da Ordem dos Farmacêuticos que ainda hoje se encontra em vigor. [3]
Em 2016, a Farmacêutica Ana Paula Martins apresentou-se a eleições, encabeçando a única lista para os Órgãos Sociais da Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos. Ana Paula Martins iniciou o seu mandato reivindicando pela segurança do medicamento, especialmente no que diz respeito a medicamentos de venda não exclusiva em farmácia. Foi iniciada a discussão relativamente à renovação da prescrição de doentes crónicos e apostou numa relação institucional mais próxima das Ordens profissionais da área da saúde, bem como a remuneração da atividade farmacêutica. Procurou reforçar as carreiras de farmácia hospitalar e de análises clínicas, e criou o colégio de especialidade de Farmácia Comunitária. Foi iniciado um projeto-piloto de dispensa em proximidade dos medicamentos destinados ao tratamento do VIH/Sida, que ganhou dimensão no âmbito na pandemia de COVID-19. Foi ainda no mandato da Bastonária Ana Paula Martins que o programa de troca de seringas passou a ser fonte de remuneração para as Farmácias aderentes. Foi aprovado o DL nº97/2015 que estabelece um limite de descontos que as farmácias podem efetuar nos preços dos medicamentos. Foi criada a Plataforma Ensino-Profissão (PEP), enquanto estrutura consultiva da Direção Nacional que tem como missão refletir sobre a qualidade e a atualidade do ensino de Ciências Farmacêuticas. Foi aprovada a Carreira Farmacêutica no Serviço Nacional de Saúde e a respetiva tabela remuneratória. Foi realizado um estudo sobre a empregabilidade do setor farmacêutico, em conjunto com a PEP e sob a responsabilidade do Observatório de Empregabilidade da OF. Foi solidificada a relação com o Ministério da Saúde de Moçambique que iniciou os trabalhos para a consolidação da estrutura orgânica da recém-criada Direção Nacional de Farmácia, e posterior transformação desta em agência reguladora nacional do medicamento. [3][4] Liderou a profissão farmacêutica durante todo o período de pandemia de COVID-19, tendo criado um Gabinete de Crise, de onde saíram várias propostas para atenuar o impacto da crise sanitária para os cidadãos. Assim se desenvolveram projetos para entrega e dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade, ao domicílio ou através das farmácias comunitárias (Operação Luz Verde), se criou a LAF - Linha de Apoio ao Farmacêutico, para responder a dúvidas dos colegas, ou se permitiu a renovação da terapêutica a doentes crónicos, num processo protocolado com a Ordem dos Médicos, entre muitos outros que ajudaram a valorizar a intervenção da profissão durante a emergência de saúde pública.
Chegamos ao ano de comemoração de meio século de história da Ordem dos Farmacêuticos com o bastonário Helder Mota Filipe no cargo, enfrentando uma alteração legislativa que prevê mudanças ao funcionamento das Ordens profissionais e com a responsabilidade de concluir um projeto amplamente debatido no seio da profissão, a renovação da sede nacional da OF, construída em 1901, com o esforço e o contributo de vários colegas.

Também a recuperação da sede da Ordem dos Farmacêuticos foi um trabalho orientado por este farmacêutico, uma vez que procurou recuperar o espaço possível do rés-do-chão do imóvel. Com a ajuda de todos os Farmacêuticos foi possível a construção da nova casa destes profissionais. [2]
[1] Centro de Documentação Farmacêutica.
[2] Registos pessoais da Dra. Maria Armanda Ramos, farmacêutica, ex-dirigente e assessora técnica da Ordem dos Farmacêuticos desde 1989.
[3] Revista da Ordem dos Farmacêuticos.
[4] Notícias da Ordem dos Farmacêuticos.
